Wednesday, January 31, 2007

Maria Naglowska e o Satanismo femenino "A Caminho da Consciência através do Amor"



Como se sabe desde há muito que o ocidente se tornou numa falocracia desequilibrada, por vários factores sociais e históricos, esta via de pensamento e de acção proliferou a nivel global. No entanto existiram vários esforços por parte mulheres ao longo da História que tentaram iniciar a cura desta sociedade amputada do papel femenino, estes esforços são ainda palavras levadas pelo tempo e pela História, já que esta é escrita por quem está no poder. Este facto também afecta o meio Esotérico, grandes Mulheres contribuiram e revolucionaram ideias e formas de práticas mágicas e nunca chegaram a ser reconhecidas. Tal é o caso de Maria de Naglowska que confrontou as convenções estagnadoras do destino oculto da Mulher como as convenções sociais e preconceitos que nunca passaram de voga, e a submissão femenina ao macho, sendo por obrigação, paixão ou qualquer outro motivo (ou desculpa), que continua a ser perpetuada até à actualidade. Poucas figuras do sexo femenino escaparam a este cruel e mísero destino nomes como Dion Fortune e Helena Blavatsky.

Maria nasceu a 15 de Agosto de 1883 em Sº Petersburgo, publicou dois rituais da seita por ela fundada La Lumière du sexe e Le Mystère de la Pendaison, assim como Le rite sacré de l´amour magique (1932). Realizou várias traduções inclusivé a sua fonte primordial de controversia, que não se pode chamar uma tradução pois provavelmente reescreveu à sua forma o livro Magia Sexualis de P.B. Randolf. Em 1930 cria a revista La Flèche que finalizou em 1933.

Penso que é uma lacuna lamentável, os textos de Naglowska ainda hoje são ignorados, por duas razões a primeira porque a sua revista La Flèche assim como a maior parte do seu legado não foi recuperado, não só por haver uma reduzida quantidade de exemplares como pela notória falta de interesse, já que esse facto não impediu os trabalhos de membros do sexo masculino deste meio serem conhecidos e actualmente dispersos em livros, internet e comumente conhecidos e citados. Este último ponto é portanto o segundo agoirento facto pelo qual Maria de Naglowska se mantêm numa anonimidade limitante para todos nós. Como é obvio, apesar de manter um reduto de apoiantes, no seu tempo, foi imediatamente criticada e acusada de ser uma mera cópia barata de P.B Randolf, ora é extraordinário como as ideias mediocres se perpetoam com tanta facilidade, bem sabemos que o pensamento mediocre, preguiçoso e limitativo é tipico do ser humano, todo o Universo tende a gastar a menor energia possivel, mas será possivel que especialmente num meio de estudo como o meio esotérico, em que o objectivo, a meu ver, é nos trasnmutarmos num ser humano melhor, atingirmos um estado superior de Consciência, combater essa mesquinhez, essa preguiça encefálica e carência intelectual deveria ser o nosso objectivo, no entanto esta ideia errónea acerca de Naglowska é perpetuada, muitas vezes vê-se criticada sem se sequer conhecer o trabalho da respectiva Senhora. Este exemplo de comportamento pode ser exportado para vários meios de estudos, não só os esotéricos atenção, e vemos que uma percentagem elevada de indivíduos que se designam estudiosos de x matéria se dedica prioritáriamente a criticas mordazes não fundamentadas e numa profunda ignorância sobre o que, ou quem difama.

Infelizmente este tipo de mentalidade e actitude encontra-se vulgarmente em qualquer blog, muitas vezes em livros e vezes de mais na televisão, pior, para além de ser admitido é aceite como comum e aceitável! Deviamo-nos formar e nos tornar em individuos autónomos e não nos manter inertes como parte de uma massa acéfala que segue o movimento, a ideia, o preconceito do fragmento de massa humana mais próxima, não questionando, aceitando e ululando ardentemente pelo dogma imposto por um incógnito desconhecido qualquer, sorrindo, cantando e marchando alegremente em direcção ao abismo. O 4º Reich está vivo e de boa saúde, bem mais discreto e subtil, aprendeu com os golpes do passado evoluiu. Encontra-se espalhado pela globalização utilizando substratos férteis e métodos subrepticios. Aqui têm o meu desafio: individualização.

A lei da entropia universal continua a ser dificil de contrariar, assim como a inércia, mais uma vez revejo aos mistérios da ciência e do ocultismo de mãos dadas. Ninguém nos vai acordar por nós...somos nós que temos de descobrir para lá das sombras, para lá do obvio, para lá dos nossos tenebrosos medos arcaicos, criticar, ousar...sublimar.

Maria de Naglowska anunciou que As Sacerdotisas do Amor se destinavam a preparar o futuro da Humanidade através da regeneração de Satanás e da iluminação pela Magia Sexual na Religião da Mãe Divina. Seguia o Trceiro termo da trindade do divino, sendo esta o Pai o filho e a Mãe, a primeira representa a religião hebraica do culto ao falo a supremacia do poder masculino, a Segunda a religião cristã da renuncia do acto sexual e a Terceira via, a religião da mãe que tem o poder de converter o mal em bem “A mãe apazigua a luta entre Cristo e Satanás, fazendo convergir estas duas vontades opostas numa única via de ascensão”. E aqui vemos esta perspectiva inovadora e refrescante de um satanismo femenino, baseado numa lógica no mínimo desconcertantemente obvia e funcional, apesar de os ideiais de maria tenderem para o utópico ou com uma ponta de extremismo e ser ligeiramente antiquada em alguns pontos a nivel da forma como a sexualidade femenina deve ser vivida, não há qualquer duvida que reformulou a forma como podemos ver a magia sexual e o caminho oculto das mulheres.

O templo do termo da terceira trindade seria edificado de novas ideias-formas para celebrar as missas de ouro. Estas ideias-forma seriam sem duvida a descêndência espiritual dos ritos sexuais sagrados, seriam os filhos mágicos da Nova Era.


Deixo-vos aqui para meditação este texto brilhante da moral satânica que Naglowska assinalou de La Lumiére du sexe, rituel d`initiation satanique selon la doctrine u Troisiéme Terme de la Trinité. (1933):

“combatereis em vós proprios a selavajaria, dominando todas as emoções: as que provêm da carne os sentimentos e da Visão das coisas novas. Em todos os momentos estareis frios por dentro, mas desempenhareis, com perfeição, exteriormente o vosso papel na comédia humana, respeitando escrupulosamente o "Código do Histrão" que vos ensinaram na Corte. sempre aprazíveis, sereis indiferentes para com todos. Não prefereis nem amareis ninguém, pois amar é atrair a imagem fluídica de alguém, de um outro. Ora ao atrairdes a imagem de um homem ou mulher profanos destruis a obra de purificação negra que empreendestes e está escrito: o que quiser vir a mim, deve abandonar pai, mãe e irmãos e irmãs, filhos e amigos " O Liberto da obediência da Corte dos Cavaleiros da flecha de ouro so têm irmãos aqui." o adepto responde "os meus unico unicos irmãos são os que aqui estemdem o círio".

No dia a dia “Cavalgar o corcel divino” é o lema do adepto, não se entregando a todos os desejos e espicaçando-os para acomulá-los como uma bateria de energia sexual, acomulando a energia dos desejos, acomulanndo ojas. Estimular a nossa própria animalidade para a dominar, conhecendo precisamente o seu poder. O seu poder animal, o poder sublime que não se esqueceu e que permanece intacto nos subterrâneos reptilinios do nosso cérebro, que deseja obcessivamente a procriação, o acasalamento. É exaltar a Besta e domá-la conscientemente, direciona-la para propósitos superiores ou mesmo utilitários. Cavalgar o corcel divino é recalcar voluntáriamente a excitação inata e através do trabalho mágico específico da Tadição, caminhar para atingir a iluminação espiritual.

Esta iluminação espiritual começaria pela iniciação conseguida através da energia sexual bipolar, ou seja femenina e masculina e posteriormente as iniciações seguintes correspondentes a aos três mistérios da trindade e aos quatro mistérios cardeias. A partir daqui “começa a aquisição dos poderes que conduzem á imortalidade, isto é, ruptura do círculo que nos encerra na natureza da espécie humana”(La flèche nº9 1932).

O papel de Sacerdotisa do Amor não é mais que o papel da Mulher Escarlate e a sua concepção de sacerdócio baseia-se no seguinte:

“É necessário que a Sacerdotisa do amor tenha vocação, isto é, que possa dar-se com o mesmo ardor físico a todos os machos que excita. Mas não é forçoso que os ame, estime ou admire individualmente, pois em cada homem ela deve saber amar, venerar e adorar mesmo o Perfeito do futuro. Dá o seu corpo em sacrificio e deve pôr nesta obra uma devoção igual á de qualquer religiosa... Não é pois, a afinidade fisica mutua entre dois corpos que contribui necessáriamente para a qualidade mágica da união, mas a sinceridade do sentimento religioso que anima a Sacerdotisa... A Sacerdotisa deve saber vibrar em uníssono com todas as vibrações masculinas que suscita, por mais variadas que estas sejam. Para além desta faculdade de acordo físico venusiano, quase universal, a Sacerdotisa, que não é nem a prostituta nem a viciosa que se entrega ao primeiro, a todos transmite as vibrações sublimes do seu ideal. E porque são criadoras, essas vibrações determinam no homem o despertar do conhecimento, a que chamamos Satanás regenerado, ou Lucifer”.

Tudo isto converge para a ideia deste Lucifer feminino, o Lucifer venusiano Estrela da Manhã que traz a luz de um novo dia de conhecimento....................

Naglowska considerou que o verdadeiro papel da mulher é o de educadora da humanidade , que a mulher treinada é quem tem o poder de redenção do mal através da magia do verbo e da carne.

Maria de Nglowska, trangrediu de mão firme as convenções sociais e esotéricas, desvendou os mistérios do oculto ao longo da sua vida e sublimou o papel da mulher e o seu trabalho mágico de mão esquerda, a mão lunar da mulher, o papel onde a mulher pode usar o seu verdadeiro poder, não do logos masculino, mas o poder da sua energia sexual para mudar o mundo.Atreveu-se a abrir o véu e encarar as trevas e incitou-nos abrindo o caminho e mostrando o poder do coito sagrado e da Luz do Sexo, poderes redescobertos mais uma vez e desenterrados dos antigos cultos ao longo de toda a História da Humanidade.

Babalon

1 comment:

dragao said...

Começo por dizer que estes blogs sao dificeis de seguir nao por serem longos mas por usares tantas linhas de pensamento ao mesmo tempo. Porem isso nao e algo que tenhas de mudar, os leitores do teu blog e que se tem de habituar a isso, ate se torna mais estimulante assim(acho eu). Em relaçao ao facto do Homem fazer sempre o que lhe dizem e nao ter individualidade, acho que é um pouco porque desde sempre Nós quisemos impor Ordem ao "Universo", mas nao por este ter que ter Ordem mas porque nos facilita a compreensao e o Homem prefere tudo o que e simples e linear de compreender. Eu prefiro tomar a posição do heroi do poema do Jose Regio " Cantico Negro". Em termos de sociedade apesar de ser 1 defensor da Anarquia, acho que a Natureza nos dá 2 modelos alternativos que sao perfeitos: A Alcateia e a Colmeia, pessoalmente prefiro o 2º por razoes obvias!!!:):):). Gostei imenso do excerto que ofereceste e apesar de poder ter percebido mal, acho que a imagem do Amor que passa e a mesma do Amor de Cristo, apesar de eu preferir seguir o Livre Arbitrio que e a base do Plano Divino e é tao mal compreendido hoje em dia, mas ese assunto e tao complexo que acho que ficaria muito extenso exposto num blog.

dragao
xxxxxxxx